quebre o ciclo
2022-05-02
Homem sentado no peitoril de uma janela sem vidros olhando para o mar. Nesse peitoril há um pouco de neve e o céu está nublado

Ansiedade, Depressão e Pandemia

por Eduardo Paiva8 min de leitura

Não sei quando você está lendo esse texto, mas os últimos anos têm sido extremamente complicados, em 2020 vimos o mundo entrar em lockdown devido a pandemia do COVID-19 e agora em 2022 aliado a pandemia ainda estamos em uma situação catastrófica com a guerra entre Rússia e Ucrânia, um desgoverno de Bolsonaro e uma inflação mundial. Alguém nos ajude Lázaro.

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Trabalho Remoto

Eu acredito que tenha descoberto/desenvolvido minha ansiedade na faculdade, porém ela se intensificou quando eu comecei a trabalhar e teve seu pico na pandemia, é meio conturbado como esses transtornos mentais possuem interseções, a ansiedade é um diagnóstico que já possuía e ela afeta diretamente como trabalho e como me relaciono com as pessoas. Faço terapia desde 2018, já tive altos e baixos e momentos onde achava que não precisava mais e acabava parando de forma abrupta, durante a pandemia aconteceu um desses casos de interrupção, tive uns conflitos internos e uns questionamentos quanto a maneira que minha antiga terapeuta estava direcionando as coisas e acabei parando novamente. Ao juntar isso a uma pandemia, estresse no trabalho e falta de privacidade em casa, o caos está instaurado.

O início da pandemia foi bem difícil. Tive que me adaptar ao trabalho totalmente remoto, fazer terapias remotas, não cortar o cabelo, sair apenas para o básico e adquirir novos hobbies para suportar o peso de ficar em casa. Em 2020 ainda estava morando com minha mãe, minha irmã e meu sobrinho, por um lado foi bom ter a companhia deles, mas por outro percebi que precisava do meu próprio espaço afinal estava impossibilitado de sair durante a pandemia devido a preocupação com a condição de saúde do meu sobrinho. Meu sobrinho nasceu com uma condição rara chamada Tetralogia de Fallout e seguimos nos precavendo exacerbadamente para protegê-lo desse maldito micróbio do car****. Porém com todo esse caos externo, começou a surgir um caos interno bem difícil de suportar. E trabalhar apenas do meu quarto estava me deixando completamente chateado e cansado.

Como disse anteriormente, acabei encontrando alguns hobbies e fazendo novos amigos que me fizeram suportar a pandemia.

Início de Lives na Twitch, Twitch Sings e Discord da Fresno

Nos anos anteriores à pandemia assistia vez ou outra alguma live na Twitch, mas nunca tive o costume de acompanhar tanto para poder entender o senso de comunidade que pode ser construído ali, dessa forma logo após o começo do lockdown e o início exagerado de artistas fazendo lives, pude acompanhar o Lucas da Fresno iniciando nas lives jogando Overwatch e alguns jogos indies como Katana Zero, era bem interessante ver um cara que admiro na música trocando ideia e jogando alguns joguinhos. L Logo as lives foram crescendo e comecei acompanhar sempre, entrar no discord e fazer novos amigos. Fazíamos calls, jogávamos juntos e trocamos ideia de diversos assuntos. O servidor da Fresno no Discord me ajudou de maneiras inimagináveis, nesse ano de 2022 pude encontrar pessoalmente alguns dos amigos de lá depois de 2 anos de pandemia.

Inspirado não só pelo Lucas, mas por diversas pessoas como DeiaCatLady, KellFluz, pokemaobr, LeoKaos, Tiiffo e tantos outros (é sempre uma injustiça citar pessoas pois acabamos esquecendo de alguém), comecei a fazer lives na Twitch .Comprei uma interface de áudio, microfone e uma cadeira gamer haha, assisti alguns tutoriais pra configurar o OBS e comecei a fazer as streams. Foi uma maneira de focar em algo para esquecer covid, e aos pouquinhos as coisas foram ficando interessantes, alcancei algumas metas de visualizações e inscritos, recebi raids diversas (termo utilizado para quando um streamer finaliza sua live e leva todos os viewers para uma nova live), fiz novas amizades e cantei bastante karaokê com o Twitch Sings

A música sempre foi uma parte muito importante da minha vida, descobrir o Twitch Sings no meio da pandemia me ajudou muito e me fez ter bons momentos que vou lembrar pro resto da vida. No fim de 2020 Twitch Sings chegou ao fim e meu cansaço/stress da pandemia atingiu seu ápice na virada do ano. Aqui vai um vídeozinho do Twitch Sings para relembrar os bons tempos desse karaokê online.

Dois homens brancos com óculos escuros cantando Breaking Benjamin - Diary of Jane

Ano de 2021, Covid e problemas no pulmão

Continuar suportando o vírus e ficar totalmente preso dentro de casa me fez muito mal, não havia previsão concreta de quando iria haver vacina pra minha faixa etária e já estava ficando exausto, nesse ano de 2021 coloquei a meta de mudar de casa e acabei financiando um imóvel, consegui resolver todos os trâmites financeiros e por volta de Abril/Maio, os acontecimentos foram relativamente rápidos, mas já vinha flertando com a ideia de morar sozinho havia tempo. Foi no início desse ano de 2021 que arrumei uma paixonite online, porém por conta da pandemia e vários outros fatores não demos muita sequência.

Em junho eu mudei para o apartamento e muita coisa rolou, acabei saindo um pouco antes de ter sido vacinado e peguei COVID, foi aí que começou a receita para o  estresse/depressão desencadear. Já havia passado muita raiva com algumas coisas do serviço, a mudança, a chateação com a pandemia como um todo, me questionando profissionalmente por conta de algumas situações. Comecei a piorar muito, eu acordava na segunda-feira antes de começar a trabalhar já desesperado e chorando, mensagens no slack eram gatilhos pra eu ficar mal, estava em um espiral e não conseguia enxergar saída dele, a minha vida era trabalho trabalho trabalho, ficar dentro de casa durante a semana e no final de semana também. 

Não queria aceitar mas eu precisava de ajuda profissional, posterguei bastante até que meu corpo me cobrou, um belo dia que estava trabalhando normalmente senti uma dor forte no peito e pedi para que minha mãe me levasse ao hospital. Nesse dia me medicaram e voltei pra casa sentindo dor, era uma quinta-feira. No dia seguinte senti a mesma dor só que do outro lado do peito e voltei ao médico, nesse dia fizeram uma ultrassonografia mas nenhum médico deu a devia atenção, simplesmente me doparam com remédios para dor e para dormir, fiquei por volta de uma semana medicando com remédios a base de codeína. Foi só na semana seguinte que um outro médico me diagnosticou com derrame pleural, ao se atentar a ultrassonografia abdominal que fiz, ele solicitou uma de tórax e pode concluir que havia líquido no pulmão. Não houve necessidade de cirurgia, apenas tratamento com antibióticos e bastante repouso. Na foto abaixo tem um pouquinho do que aconteceu.

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Basicamente na última fileira que dá pra ver o líquido, não sou médico mas parecia que tava bem feio, essa ultrassonografia foi feita depois de mais de uma semana passando mal. Dizem que foi uma pneumonia como sequela tardia do COVID, de início suspeitaram de coração e só depois que concluíram ser pulmão. Não foi dessa vez que parti dessa pra melhor kkkkkkk

Depressão e início do remédio Escitalopram

Em 2021, passei por duas entregas bem estressantes no serviço, além de tudo esse ano foi o ápice de meu estresse com a pandemia. Não poder fazer as coisas que estava acostumado, eu ainda tinha a expectativa de voltar a ir em shows, viajar, sair... Não pude fazer nada disso, alie isso a um m problema de saúde mental e física e não houve outra escapatória, acabei indo em um psiquiatraa e ele me deu o diagnóstico de um processo depressivo/burnout, comecei a tomar o remédio escitalopram e foi esse remédio que me tirou da merda. Consegui ter uma perspectiva diferente da situação e coloquei na minha cabeça que 2022 seria diferente, que estaríamos numa situação mais controlada em relação ao vírus. Junto com o meu terapeuta estabelecemos rotinas, parei de preocupar tanto com o trabalho, comecei a voltar a ler e fazer coisas que gostava e aos poucos fui saindo do quadro depressivo, no momento que escrevo esse texto já estou no processo de desmame do escitalopram e tomarei apenas por mais 10 dias, dia sim dia não.

Por fim, gostaria de deixar claro para vocês para sempre buscarem ajuda profissional, mas aliado a isso busquem o autoconhecimento e ferramentas para lidar com seus demônios internos. Tomar remédio não é uma sentença, ele pode te fazer voltar a enxergar o mundo colorido de novo, irá te ajudar a olhar a vida com outra perspectiva. Sigo na terapia e meu psicólogo chegou a me emprestar um livro muito bom para o tratamento cognitivo comportamental.

A mente vencendo o humor [Disclaimer: Esse é um link de afiliado e comprando qualquer coisa através dele vocês ajudam a manter o blog funcionando.]